sábado, 3 de janeiro de 2015

What's in your head?



Começo este post com uma música.
Os Placebo deram um concerto no final de 2014, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa. A certa altura o vocalista disse "This next song is based on a true story, but we had to change the names for legal reasons in order to protect the guilty. And I can see, from here, that many of you are here tonight and you know exactly WHO YOU ARE. Thank you.". De seguida a banda começa a tocar o single "Too many friends" deixando a multidão ao rubro (eu incluída).

Esta música pertence ao mais recente álbum da banda (Loud Like Love) e fala da influência da tecnologia e redes sociais na nossa vida.

A cada dia que passa cada vez mais nos desligamos das pessoas que nos rodeiam, vivemos agarrados a computadores, tablets e telemóveis. Eu própria me encaro como cúmplice e culpada deste estilo de vida.

A questão é: até que ponto deixaremos chegar esta falta de ligação humana? Os efeitos colaterais já são observáveis, cada vez mais existem comentários negativos, ódio, egoísmo, indiferença, solidão, desrespeito, jovens com depressões ou, até mesmo, tendências suicidas. Vemos as nossas crianças a levar uma infância agarradas a vidas virtuais, alheias da realidade e do mundo físico e não nos preocupamos com isso, por vezes até as fomentamos. Mas o que será do mundo quando for governado por pessoas que talvez darão mais importância a ao digital do que ao real?
Será que essas pessoas se preocuparão com a fome, a pobreza, a escravidão, a discriminação, a poluição ou será que darão mais prioridade ao cyberbullying, acesso mundial livre à internet, etc? Será que sentirão empatia e compreensão pelo outro ou vê-lo-ão apenas como algo do outro lado do monitor?

"My computer thinks I'm gay. What's that difference anyway, when the people do all day is starring into a phone?"

Placebo

Não me interpretem mal, eu adoro tecnologia, acho que pode ser extremamente útil e divertida. Tornámo-nos muito mais eficientes graças a ela, fizemos descobertas fantásticas, ligámo-nos com quem está longe e talvez nunca mais pudéssemos ver, descobrimos uma nova forma de interação e partilha. No entanto, nem sempre usamos as nossas ferramentas da melhor forma, afinal uma faca não magoa se for bem utilizada...

Acima de tudo não nos podemos esquecer do mais importante: agir, fazer a diferença, conhecer lugares e pessoas, ajudar quem precisa, apoiar um amigo, trabalhar e sentirmo-nos úteis. No fundo, viver uma vida cheia. Para isso temos que estar "lá", não basta carregar num botão. E estar lá não só fisicamente mas mentalmente também! De que valerá a tua presença num jantar ou festa se te limitares a ficar agarrado ao telemóvel, completamente alheio ao que te rodeia?

Há um mês atrás eu fui almoçar a uma cantina universitária com o meu namorado, sentámo-nos sem reparar nas pessoas à nossa volta e começámos a discutir vários assuntos. Quando demos por nós estávamos numa discussão acesa devido a opiniões divergentes, mas reparámos num silêncio aterrador à nossa volta. Eu parei de falar, fiz sinal ao meu namorado com o olhar, e ambos pensámos que as pessoas em volta estavam caladas a ouvir a conversa (do estilo: omg... aqueles dois estão a discutir imenso). A verdade foi que quando nos levantámos deparámo-nos com 3 pessoas, sem comida nos pratos, completamente agarradas aos respectivos telemóveis que, pelos vistos, tinham passado +/- 30 mins. sem dirigirem palavra uns aos outros...

Eu pergunto, o que preferiam vocês? Ficar em casa a jogar uma partida de CS, LoL, etc, ou sair com os vossos amigos e ir jogar uma partida de bilhar, sueca, matraquilhos, ou mesmo paintball? Eu sei que a maior parte de vós deve responder a 1ª opção... e é isso que me assusta. 

"Staying in my play pretend where the fun ain't got no end. Can't go home again, need someone to numb the pain"

Tove Lo


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